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2022-10-17    IAOD

Che Sai Wang

O Governo deve tomar a iniciativa de prestar atenção e identificar os idosos “anónimos” e proceder, atempadamente, ao seu registo, a fim de evitar a repetição de tragédias

 

Registou-se, recentemente, um caso de dois idosos falecidos que despertou a atenção da sociedade: um cuidador idoso e a pessoa idosa sob o seu cuidado. A morte da irmã mais velha, com 78 anos de idade, que cuidava do seu irmão mais novo, só foi descoberta ao fim de mais de um mês, e o seu irmão, que tinha dificuldades de mobilidade, morreu em casa devido à falta de cuidados e alimentação. Um incidente devastador. Há então que ter em conta a experiência e que prestar mais atenção às dificuldades de sobrevivência dos idosos anónimos.

 

Segundo os dados dos Serviços de Estatística, 12,2% da população de Macau tem 65 anos ou mais. Com o aumento contínuo dos idosos, o envelhecimento da população de Macau será cada vez mais grave. Numa entrevista, assistentes sociais que prestam serviços aos idosos sublinharam que, para além dos idosos requerentes de subsídios do Governo e que aceitam apoio dos serviços aos idosos, existem, sem dúvida, idosos que são anónimos para a comunidade. Actualmente, os serviços prestados aos idosos não são suficientes, e a razão pode ser porque os idosos não sabem ou não querem recorrer a tais serviços, ou porque não reúnem condições para o fazer, etc. Por isso, o Governo deve prestar mais atenção a estes idosos que não querem recorrer aos serviços de apoio ou que não preenchem os requisitos exigidos.

 

Quanto ao referido caso, o IAS indicou que os dois idosos falecidos nunca tinham pedido subsídios ao IAS nem recorrido aos serviços de apoio aos idosos. Devido às especificidades dos idosos, mesmo que não tenham necessidade de pedir subsídios, podem ter necessidade de alguns serviços. Os serviços de apoio aos idosos lançados pelo Governo estão espalhados pelas várias zonas comunitárias, e o programa de proximidade de serviços médicos foi organizado várias vezes, porém, o caso referido demonstra que existem ainda lacunas e que o Governo não pode ignorar as necessidades de sobrevivência dos idosos sós e incógnitos por estes não reunirem os requisitos para se candidatarem a subsídios ou serviços, ou por não terem tomado a iniciativa de pedir ajuda.

Pelo exposto, apresento as seguintes sugestões ao Governo:

1. O Governo deve tomar as devidas medidas e reforçar a cobertura dos serviços de apoio aos idosos. Há que criar mecanismos específicos para os idosos anónimos, por exemplo, mecanismos de troca de informações entre o IAS e os Serviços de Saúde, para os identificar aquando das idas ao hospital, e lhes prestar informações sobre os serviços quer sociais quer outros.

 

2. Para os idosos anónimos que não reúnam os requisitos de candidatura ou não queiram pedir ajuda, o Governo deve manter uma boa comunicação com a comunidade, e criar canais de registo não oficiais. Há que prestar, através destes canais e da classificação da situação destes idosos, cuidados periódicos, para evitar a repetição de tragédias semelhantes.

 

3. Ese caso revelou as lacunas dos serviços de apoio. O Governo deve criar programas de curto, médio e longo prazo, e definir mecanismos mais abrangentes e eficazes, para reduzir o número de idosos anónimos, e garantir um ambiente seguro para todos os idosos.

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