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IAOD de Leong Veng Chai em 17.02.2014

 

      Durante a quadra festiva do Ano Novo Lunar, mais de 1 milhão e dez mil turistas chegaram a Macau. Esse número espantoso está muito além da capacidade de recepção de turistas em Macau. A par disso, as dificuldades com os transportes e em encontrar lugar nos restaurantes já passaram a fazer parte da vida quotidiana da população. Estas questões, para além de serem preocupantes para a vida social, são fontes causadoras de problemas ambientais, aos quais, até ao momento, o Governo ainda não reagiu.

 

      Os turistas que cá vêm, durante as festividades, para além de visitar os pontos turísticos, naturalmente têm que comer. Sendo hábito e costume dos chineses comer bem nos dias de festejos, sobretudo na celebração do início de um novo ano, uma vez que significa sorte ao longo deste, os turistas chineses encomendam muita comida, dando assim lugar a muitos resíduos alimentares. Acrescido ao facto de muitos residentes locais pretenderem comer fora de casa durante o Ano Novo Chinês, o problema dos resíduos de cozinha agrava-se. Como o Governo não tem nenhuma medida de reciclagem, esse tipo de resíduos é totalmente desperdiçado.

 

       De acordo com o Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2011, Macau produz, diariamente, 1,64 Kg de resíduos domésticos per capita, um número relativamente alto em comparação com Pequim, Xangai, Cantão e até Hong Kong, o que significa que, diariamente, Macau produz 900 toneladas de resíduos domésticos, dos quais, 30% são resíduos alimentares. Mas há que salientar o seguinte: como geralmente os resíduos alimentares contêm uma quantidade relativa de água e sal, se forem enviados para a central de incineração e se o calor não for suficiente, será necessário adicionar mais combustível para o seu funcionamento e isto acarreta mais custos, tal como, se o calor da incineração não for suficientemente forte, irá produzir dioxinas o que também polui o ambiente, pelo que os resíduos alimentares não são adequados para incineração. De facto, estes podem ser utilizados como adubo orgânico após fermentação, mas a central de incineração e o aterro de resíduos de Macau estão quase a atingir os seus limites. Assim, se os resíduos alimentares forem reciclados, os custos do seu tratamento poderão diminuir, bem como a pressão da central de incineração e do aterro de resíduos. Actualmente, o Governo tem vindo apenas a promover planos de recolha de resíduos alimentares em certas escolas e mercados, e a instalação de algumas máquinas de decomposição desses resíduos nesses locais, mas ainda não conseguimos lançar a promoção destes planos nos restaurantes e estabelecimentos de comida onde o seu volume é muito maior, por isso, muitos destes resíduos não são reciclados.

 

É verdade que existem várias soluções para resolver o problema, no entanto, a melhor solução seria a partir da fonte. A fim de satisfazer as necessidades dos clientes, alguns hotéis de grande envergadura proporcionam buffets, no entanto, há frequentemente muitas sobras de comida devido ao excesso de oferta e, em resultado, estas são tratadas como resíduos. Para as famílias que não conseguem resolver no mínimo as três refeições normais por dia, isto é “um pecado”. Está-se em crer que devido à fase de desenvolvimento próspero do sector de hotelaria, este tipo de refeição irá aumentar de forma incessante, por isso, o Governo deve apelar a estas empresas para assumir as responsabilidades sociais e reduzir o esbanjamento de comida. Mais ainda, deve recorrer às escolas para incutir nos alunos a consciência de protecção ambiental e transmitir a mensagem de poupança de alimentos, resolvendo o problema a partir da fonte.

 

     

 

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