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 2025-06-19    IAOD

José Maria Pereira Coutinho

 “O impacto do trabalho ilegal no mercado de trabalho local”

O  trabalho  ilegal,   significa  exploração  laboral,   significa  falta  de protecção social e existência de condições de trabalho precárias, significa também   riscos    à   saúde,    contracção   de    doenças   profissionais    e insegurança dos locais de trabalho devido ao ambiente laboral. Tudo isto, acarreta graves problemas sociais devendo as autoridades competentes combater com firmeza o trabalho ilegal na RAEM.

O  nosso  Gabinete  de  Atendimento  aos  Cidadãos  tem  recebido constantemente  queixas  de  trabalhadores  da  área  do  MICE,  alegando que, não obstante, no ano transacto, terem sido efectuadas milhares de actividades e exposições, contudo muitos ficaram desempregados devido ao trabalho ilegal que disfarçados de “turistas” prestam todo o tipo de serviços.

E um dos exemplos acima referidos, aconteceu recentemente quando as autoridades policiais conjuntamente com o pessoal da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) desencadearam na primeira semana de Junho do corrente ano, uma operação de identificação dos trabalhadores nas bancas de merchandising do cantor coreano G-Dragon, tendo sido detectadas cerca de centena de trabalhadores a desempenhar funções que bem poderiam ser exercidas pelos trabalhadores locais.

Este  escândalo”  que  ocorreu  dentro  das  instalações  de  uma  das concessionárias do Jogo afectou a imagem da RAEM a nível regional e internacional por se tratar de concertos com celebridades internacionais. O  Governo  de  Macau  deve  apurar  todas   as  responsabilidades  que existam,   elevar   o   profissionalismo   na   gestão   interna   da   referida concessionária  do  jogo  e  implementar  medidas  concretas  para   que semelhantes escândalos não voltem a repetir.  

Muitos cidadãos não percebem, como podem ocorrer estes tipos de acontecimentos quando existe um controlo rigoroso na identificação dos trabalhadores  locais  que  desempenham  funções  dentro  perímetro  da Arena”   dos   concertos,   mas,    contudo,   haja   um   relaxamento   na verificação da identidade dos trabalhadores ilegais que entram e saem à


vontade   das   instalações.   Estas   situações   merecem   a   atenção   das autoridades competentes contra corrupção.

Pressupondo, que a DSAL, teria prévio  conhecimento, através  das redes sociais locais e do interior do continente, os vários anúncios para recrutar trabalhadores ilegais e a tempo parcial, esta DSAL, bem poderia ter destacado os seus inspectores para verificar “a priori a identidade de todos  os  trabalhadores  dentro  do  perímetro  da  Arena”  para  evitar  o trabalho  ilegal.  Não  o  fez,  e  é  preciso  saber,  porque  não  feito  este trabalho.

Refira-se,  que  nas  numerosas  publicações  nas  redes  sociais,  a entidade organizadora do concerto procurava abertamente recrutar jovens com menos de 30 anos de idade mencionando uma remuneração diária 200 renminbis, além de um bónus adicional em conformidade com as vendas. O anúncio também indicava que o empregador estaria disposto a oferecer  acomodação  aos  trabalhadores.  Também  ao  nível  da  venda legítima de bilhetes para o concerto da estrela coreana houve enorme confusão quanto à impressão de bilhetes com a datas e números errados nos  bilhetes  de  entrada,  não  estando  igualmente  posta  de  parte  a existência de bilhetes falsos e uma enorme negligência na resolução das queixas.

Estes  acontecimentos,  que  não  acreditamos,  que  tenha  acontecido pela primeira vez, para além de afectar a imagem de Macau no cenário regional  e  internacional  prejudicou  os  jovens  recém-licenciados  e  os jovens em geral de entrar no mercado de trabalho.

Um estudo recente de universidade local revelou que cerca de 95% dos  recém-licenciados  em  Macau  relataram  enormes  dificuldades  em encontrar  emprego  nestes  últimos  dois  anos,  e  menos  de  3%  se mostraram  optimistas  sobre  as  actuais  oportunidades  de  trabalho.  O aumento brutal de trabalhadores não residentes e trabalhadores ilegais tem sido muito criticada nas redes sociais, devendo o Governo de Macau enfrentar   com   seriedade   este   tipo   de   problemas   especialmente   o desemprego juvenil criando oportunidades reais de emprego.

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