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JOSÉ PEREIRA COUTINHO

Deputado à Assembleia Legislativa e Presidente da Direcção da ATFPM

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2024-07-31    IAOD

José Maria Pereira Coutinho

“Os efeitos negativos do “turismo de massas” na RAEM”

 

Dados oficiais indicam que Macau recebeu mais de 16 milhões de visitantes no primeiro semestre de 2024, estando previsto que na segunda metade do corrente ano, haja mais visitantes. Destes 16 milhões de visitantes somente um milhão e tal são os tais “visitantes internacionais”, correspondendo a 7.3% da totalidade de visitantes, sendo necessário atrair mais turistas estrangeiros. Mas a principal ferramenta para atrair mais turistas estrangeiros é o Aeroporto Internacional de Macau (AIM) que precisa de “desenferrujar” introduzindo-se a concorrência quer na prestação e fornecimento de serviços quer na competição entre as companhias aéreas, eliminando o monopólio das rotas aéreas, o proteccionismo dos horários de voos (slots) e taxas aeroportuárias, os serviços em terra e introduzir tarifas aéreas mais baratas e atractivas, etc.

Para além dessas limitações, é imperativo expandir e modernizar com investimentos em infra-estruturas como a construção de pista adicional e a actualização e modernização dos equipamentos para aumentar a capacidade operacional do AIM, tornando-o mais atraente para uma variedade de operações aéreas e principalmente para os viajantes. Há que melhorar as parcerias com as concessionárias do Jogo para facilitar a vinda dos visitantes, compreender as necessidades das empresas locais, agências de turismo e instituições educacionais para fortalecer a integração do aeroporto na comunidade para criar benefícios económicos, sociais e mais emprego.

Não há dúvidas que actividade turística é considerada uma das maiores indústrias do mundo que regista anualmente um grande crescimento e continuará a crescer mais no futuro. Mas este crescimento, deve ser, um crescimento saudável com enfoque na sustentabilidade dos transportes públicos (autocarros e táxis) sendo prioridade das prioridades os interesses fundamentais dos residentes e dos turistas em matéria de deslocações.

Não esqueçamos, que estes elevados números de visitantes foram atingidos com o apoio dos residentes que toleraram a actividade turística, mas cabem às autoridades competentes estarem atentas e compreenderem as percepções, as opiniões e as atitudes dos residentes que são factores importantes para o desenvolvimento sustentável da actividade turística. É preciso ouvir antes de tomar decisões.

Nestes últimos tempos, o nosso Gabinete de Atendimento aos Cidadãos tem vindo a receber muitas opiniões e queixas de residentes quanto ao aumento descontrolado do número de turistas concentrados em determinadas zonas turísticas com elevada concentração populacional oriundos dum “turismo de massas” ou “excesso de turismo”, provocando a saturação e degradação dos espaços públicos e afectando a qualidade de vida dos residentes.

Mas afinal quantos mais turistas pode receber esta pequena cidade de Macau sem afectar a qualidade de vida dos seus residentes e sem degradar os locais que visitam e sem que tenhamos de aguentar com o aumento da criminalidade relacionada com a usura e troca de divisas, o aumento da poluição sonora e a superlotação nos transportes públicos?

Em determinadas zonas da cidade, como nas Ruínas de São Paulo, arredores e algumas localidades mais afamadas, ocorre neste momento, o excesso de turistas, ou seja, uma “Overturism” que afecta negativamente a percepção da qualidade de vida dos residentes bem como a qualidade das experiências dos visitantes sendo urgente que as autoridades competentes em articulação com as congéneres do interior do continente encontrem um equilíbrio do número de visitantes autorizados a visitar Macau. Será importante apurar os efeitos positivos e negativos da actividade turística e as consequências que estas acarretam para a comunidade local principalmente nos destinos com excesso de turismo.

Será importante avaliar as opiniões e os factores que os residentes mais levam em consideração quanto ao turismo. E qualquer que seja a estratégia turística a ser adoptada para Macau deve ser uma estratégia clara e bem definida para o bem do interesse dos residentes principalmente os interesses dos residentes das zonas mais afectadas que nunca devem ser ignorados, mas pelo contrário os residentes devem ser previamente consultados sobre o aquilo que pretendem para os seus locais.

O turismo só se tornará sustentável se o seu desenvolvimento e a sua gestão tiverem em consideração os interesses tanto dos residentes como dos visitantes.

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