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JOSÉ PEREIRA COUTINHO

Deputado à Assembleia Legislativa e Presidente da Direcção da ATFPM

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2023-02-08    IAOD

José Maria Pereira Coutinho

“O Governo deve implementar medidas fortes para combater o desemprego jovem, e apostar em Incubadoras Sociais de Emprego, como metodologia de apoio ao Emprego e à Formação Profissional, destinada aos jovens desempregados potenciando-os a curto e a médio prazo, no mercado local de trabalho”

 

Aproxima-se o Dia Internacional da Juventude, uma data estabelecida em 1999, por via da Resolução 54/120, da iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), como forma de reconhecimento do papel fundamental dos jovens nas sociedades, e da importância da juventude para o progresso da sociedade e para o desenvolvimento sustentável.

 

 

Em Macau, o impacto do prolongamento da pandemia, associado à crise financeira global, traduziu-se em incertezas económicas e na deterioração do mercado de trabalho, com o resultante escasseamento das oportunidades de trabalho, e o aumento substancial do desemprego, tendo aumentado o número de jovens que não conseguem arranjar, ou manter, um emprego. As autoridades competentes deveriam estar mais atentas a este fenómeno da alta taxa de desemprego jovem, que poderá correr o risco de atingir proporções alarmantes, com especial incidência entre as jovens mulheres e as jovens mulheres monoparentais.

 

 

Neste momento, e após o alívio das medidas de prevenção da Covid-19, a recuperação do emprego jovem decorre a um ritmo muito lento, devido ao elevado número de trabalhadores não residentes, e não qualificados, que se sujeitam a salários, direitos e regalias inferiores aos trabalhadores locais, prejudicando a entrada dos jovens de Macau no mercado de trabalho.

 

 

Um outro relevante obstáculo à entrada dos jovens no mercado de trabalho, está directamente relacionado com a gradual redução de determinado tipo de actividades económicas, da escassez da oferta de emprego para o número de candidatos, e o decréscimo de contratações de jovens na Função Pública e nas Concessionárias do Jogo.

 

 

Sem sombra de dúvida, a falta de experiência é o principal desafio para a inserção dos jovens no mercado de trabalho, no entanto, a incompatibilidade das suas habilitações académicas com as necessidades disponíveis nas ofertas de emprego, é um outro factor significativo nas dificuldades de transicção dos jovens da escola para a área profissional.

 

 

Os jovens são considerados um dos grupos mais afetado pela crise, tornando-se assim mais vulneráveis a formas atípicas de contratos de trabalho, e em Macau é crescente o universo de jovens que enfrentam diariamente a batalha da sua sobrevivência dedicando-se a actividades e trabalhos informais, precários e esporádicos, para conseguir ter algum dinheiro para contribuir para o sustento da família. Isto tem um impacto danoso não só na dimensão objectiva da vida dos jovens, mas também se traduz em consequências negativas resultantes da instabilidade e dos riscos imprevisíveis relativos à precariedade na definição dos seus planos de vida e de futuro.

 

 

O nosso Gabinete de Atendimento aos Cidadãos tem recebido, quase diariamente, muitas queixas de jovens de ambos os sexos, que durante anos não conseguiram encontrar um emprego decente, porque muitas empresas alegam, quase sempre, como pretexto para as não empregar, a sua falta de experiência. As dificuldades agudizam-se com o avançar dos anos, e agravam-se quando têm que enfrentar a concorrência de trabalhadores não residentes, e não especializados, que não se importam de receber o salário mínimo, como por exemplo, nas vagas de serviços de segurança de muitos serviços públicos, e das concessionárias do jogo, que poderiam perfeitamente ser ocupados por estes jovens locais desempregados, e devidamente remunerados de acordo com as necessidades do custo de vida da RAEM.

 

 

Para combater as prolongadas dificuldades no mercado de trabalho, o Governo deve proceder de imediato à substituição dos trabalhadores não residentes, e não qualificados, que exercem trabalhos de “colarinho branco”, principalmente nas empresas financeiras, e apostar na implementação de Incubadoras Sociais de Emprego, como metodologia de apoio ao Emprego e à Formação Profissional, destinada a apoiar a procura activa de emprego dos jovens desempregados e a potenciar a sua (re)inserção, a curto e a médio prazo, no mercado de trabalho, em conjugação com programas ligados à formação e ao empreendedorismo, para facilitar o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e digitais com vista ao reforço da empregabilidade dos jovens.

 

 

Finalmente, e tendo em consideração a importância do investimento na formação contínua, sugere-se ao governo da RAEM a aposta no aproveitamento de recursos humanos de elevada qualidade profissional, que permitam a transferência de conhecimentos específicos a jovens talentos, mas desempregados, e por em execução um processo de modernização dos diversos centros de formação, com equipamentos mais modernos e sofisticados, dotados de tecnologias e aplicações digitais, estimulando novas competências profissionais e que são necessárias  ao mercado de trabalho local e regional.

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