IAOD do Deputado Leong Veng Chai em 23/04/2014
A questão da saúde perturba os residentes de Macau há muito tempo. O novo edifício de urgências do hospital Conde de S. Januário (CHCSJ) entrou em funcionamento, mas há uma grave falta de pessoal desta área. Isto deve-se essencialmente ao facto de as autoridades não terem um plano prospectivo, fazendo com que, ao longo de mais de 10 anos, os residentes continuem a ter dificuldades para ir ao médico.
Com a entrada em funcionamento do referido novo edifício, as camas das urgências aumentaram de 25 para 96. Este edifício com quatro pisos dispõe de cyber X-ray e de uma máquina para análises de sangue, etc., assim parece poder prestar um bom serviço de saúde, mas não foi aumentado o número do pessoal, de acordo com o que deve precisar, logicamente, um grande edifício de urgências. Obviamente, o pessoal actual que se encontra no novo edifício foi distribuído provisoriamente e não consegue satisfazer as necessidades reais. Mesmo que os equipamentos de urgência sejam mais e melhores, se o pessoal de saúde não for suficiente, isso é também considerado um desperdício de recursos.
Lembro-me do seguinte: em 2011, os Serviços de Saúde (SS) manifestaram que iam aumentar a formação de médicos nos três anos seguintes. Mas, segundo o Boletim Oficial, desde Outubro de 2011 até à data, os SS realizaram apenas dois internatos médicos, realidade essa muito aquém da anterior promessa de recrutamento de 100 médicos. Assim, é preocupante a capacidade executiva da Administração!
Quanto ao actual serviço de urgência, de madrugada estão destacados apenas um médico e alguns enfermeiros, portanto, é comum haver cerca de 20 doentes na urgência, e se tiverem que aguardar três ou quatro horas pela sua vez, também não se trata de uma situação invulgar. Para os doentes, para além do longo tempo que precisam de aguardar, outro problema é: pode ter passado a melhor oportunidade para o seu tratamento, agravando a situação da doença de que sofrem. Por outro lado, para o pessoal médico, é agravada a pressão no trabalho. Face ao longo horário de trabalho e ao stress mental, torna-se mais elevada a possibilidade de ocorrência de algum caso de negligência médica, pondo a saúde dos doentes e do próprio pessoal médico em causa.
Pelo exposto, a Administração deve proceder à revisão do insucesso deparado nos últimos três anos na contratação e formação de pessoal médico, bem como avançar, quanto antes, com os novos planos de contratação e formação de pessoal médico, no sentido de resolver o problema da insuficiência de recursos humanos. Mais ainda, a atingir-se a barreira dos 600 mil habitantes, num futuro breve, as instalações médicas não vão conseguir satisfazer as necessidades reais, por isso há que proceder, quanto antes, a uma estimativa e avaliação sobre a quantidade do pessoal médico de que a sociedade necessitará, no sentido de evitar que torne a haver, no futuro, a grande insuficiência de recursos humanos que se verifica actualmente.