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JOSÉ PEREIRA COUTINHO

Deputado à Assembleia Legislativa e Presidente da Direcção da ATFPM

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ATFPM promoveu sessão de esclarecimento sobre censos e inquéritos

Inquérito não rigoroso pode ser desastroso

Em ano de censos para apurar a situação de Macau, nada mais pertinente do que uma palestra esclarecedora sobre o assunto. A ATFPM recebeu o professor Robert Chung que falou sobre os prós e contras de censos e inquéritos
 
Censos e inquéritos feitos seguindo uma metodologia incorrecta podem provocar instabilidade e falta de uma visão real da sociedade. "Um inquérito que não siga um procedimento científico pode ser perigoso", referiu o Robert Chung, director do Programa de Opinião Pública da Universidade de Hong Kong.

Levar a cabo inquéritos tem como principal objectivo saber quais são as carências e os desejos das pessoas, para se ir ao encontro dessas necessidades e poder agir em consonância. "O Governo precisa de saber o que é que a população reclama, para poder colmatar as suas falhas", reiterou o especialista em opinião pública.

Este sublinhou ainda a necessidade de ter isto em atenção na sociedade de Macau, tendo em conta que esta tem verificado um desenvolvimento muito rápido e muito grande em pouco tempo. Isto porque é preciso saber as condições reais em que vive a população da região e o que este crescimento trouxe de positivo e negativo.

"Qualquer censo ou inquérito levado a cabo junto da população tem sempre a tendência de reflectir o sentimento público. Não podemos esquecer que nas sociedades modernas estes constituem um importante mecanismo para os decisores das causas públicas", declarou Robert Chung.

Seguindo esta lógica um resultado estatístico que não retrate a verdadeira realidade vai contribuir para que as necessidades das pessoas não sejam ouvidas e os desejos não sejam levados em conta. Assim, afirmou ainda Robert Chung, uma má conduta na produção e organização de um censo, que não cumpra os requisitos científicos necessários conduz a uma não verdade e a acções dissonantes das que realmente seria necessário ser levadas a cabo. "É preciso método e um conhecimento cientifico para se fazer um estudo destes", disse o orador.

Pereira Coutinho, presidente da ATFPM, em declarações ao JTM, afirmou que é preciso esclarecer as pessoas sobre este assunto. "Isto porque no passado o Governo encomendou a universidades e associações locais alguns estudos que se revelaram redundantes e verdadeiros fracassos", disse.

O dirigente associativo argumentou que estas se revelaram desastrosas "por ignorância ou por falta de independência e imparcialidade". Segundo as palavras deste presidente o facto das entidades a que são pedidos estes inquéritos receberem um subsidio, faz com que apresentem um relatório que satisfaça a quem de direito.

Neste sentido o associativista recordou alguns casos, que fundamentam a sua opinião. "Estou me a lembrar de três casos. Um foi a diminuição da idade de imputabilidade criminal, no qual 78 por cento da população estaria de acordo e isso não se verificava. O outro é os resultados que mostram que as senhoras acham que são postas de parte na nossa sociedade e agora mais recentemente a idade de entrada nos casinos". Relativamente a este último Pereira Coutinho referiu que ainda não viu nenhuma estatística que aponte que a maioria da população está a favor.

Também o orador frisou o facto de que numa sociedade na qual "as ligações sociais são mais estreitas e os laços de amizade mais íntimos precedem o profissionalismo e o conhecimento cientifico", tornando os censos e os inquéritos dependentes de pressões não científicas e factores de influências díspares.

Esta palestra pretendeu assim ser uma sessão técnica de esclarecimento, mas de forma simples e fácil. O intuito foi no sentido da população entender a importância de na hora de responder a um inquérito o faca de forma verdadeira e clara.

Pereira Coutinho ressalvou ainda o facto de este convite ter sido endereçado a vários departamentos públicos, mas apenas o Secretário da Segurança compareceu.
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