INTERPELAÇÃO ESCRITA
No dia 27 de Dezembro de 2010 foi publicado o Regulamento Administrativo n.º 24/2010 que aprovou o Estatuto dos titulares dos principais cargos da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), bem como a Ordem Executiva n.º 112/2010 relativa às normas de conduta dos titulares dos principais cargos da RAEM.
Os diplomas aprovados limitam-se a reproduzir princípios, deveres e responsabilidades previstas em diversos diplomas há muito existentes, tais como
No dia 28.12.2010, a Secretária para a Administração e Justiça declarou que as normas constantes dos diplomas legais acima referidos já vinham
Desde o estabelecimento da RAEM que a maioria da população tem conhecimento do ineficaz sistema de responsabilização dos titulares dos principais cargos da RAEM que têm aparentemente como única e máxima punição a exoneração do cargo. Os recentes diplomas publicados não estabelecem rigorosamente nada quanto às medidas e sanções intermédias aplicáveis aos titulares destes cargos para efeitos da sua responsabilização, e nem sequer quanto ao processo pela qual esta responsabilização é feita, o que na prática vai dificultar o trabalho do Chefe do Executivo em assacar responsabilidades aos seus subordinados.
O exemplo mais paradigmático foi o caso do Ex-Secretário para Obras Públicas e Transportes Ao
O mega escândalo de corrupção, que sujou o nome de Macau a nível internacional, demonstrou os males de não existir um sistema claro e transparente de medidas e sanções intermédias que permitam responsabilizar os titulares de cargos públicos antes de a sua conduta chegar a um ponto que exija a sua exoneração. Na altura, esta grave lacuna legal impediu que o anterior Chefe do Executivo tivesse em tempo útil chamado a atenção deste e outros responsáveis através de medidas e sanções alternativas.
No entanto, existem muitos outros exemplos no Governo de abuso de poder, de incumprimento das regras administrativas e procedimentos intra-governamentais, que ficam constantemente impunes, sem qualquer consequência disciplinar ou mesmo política. A ausência de regras disciplinares potencia estas condutas, já que os titulares dos cargos políticos vivem numa aparência de impunidade.
Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando, que me sejam dadas respostas, de uma forma clara, precisa, coerente, completa e em tempo útil sobre o seguinte:
1. O Governo pretende estabelecer medidas e sanções intermédias para a responsabilização de titulares de cargos públicos?
2. Se sim, que medidas são essas e qual o procedimento que será criado para as aplicar?
O Deputado à
José Pereira Coutinho