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JOSÉ PEREIRA COUTINHO

Deputado à Assembleia Legislativa e Presidente da Direcção da ATFPM

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Coutinho fora da carruagem

Ponto Final  January 19, 2011

A proposta da Mitsubishi para o metro ligeiro continua a não agradar a Pereira Coutinho. O deputado contraria o GIT e diz que o sistema japonês não é o mais leve, nem o mais seguro. A segurança da ponte é também destacada.

Sónia Nunes

José Pereira Coutinho não se conforma com a atribuição do material circulante do metro ligeiro à Mitsubishi, que se prepara para assinar o contrato de concessão, orçado em cerca de 4,7 mil milhões de patacas. O deputado insiste que houve irregularidades no processo, volta a dizer que a proposta da empresa japonesa não acautela a segurança da Ponte de Sai Van e acusa o Governo de fugir à verdade. O Gabinete para as Infra-estruturas e Transportes (GIT) continua a refutar tudo.

As críticas de Pereira Coutinho não são novas: já em Novembro o deputado afirmava que o concurso para a primeira fase do metro estaria a favorecer a Mitsubishi e acusava o GIT de prestar falsas declarações. Porquê renovar as queixas? “Estou muito preocupado. Estamos a falar de questões de segurança e de uma matéria de elevado interesse público. Dizem que a empresa japonesa é boa; não é. Dizem que a proposta é a mais barata; não é. E dizem que a ponte é segura quando não é”, destaca a este jornal o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública. “A minha indignação é total”, diz.

As questões fazem também parte de uma interpelação que o deputado dirigiu ao Governo e que, segundo Coutinho, não teve resposta. “Não posso aguardar mais, deixar que o público seja enganado e que o GIT continue a transmitir informações que são mentira.” “Infelizmente, a luta que travei em defesa dos interesses dos cidadãos não foi suficiente para contrariar os poderes instalados”, lança.

O deputado – que diz estar na posse de “documentos vindos de fontes muito fidedignas” – afirma que, ao contrário do que é dito pelo Governo e pela empresa japonesa, o “veículo da Mitsubishi não é o mais leve” e que o “GIT está a escamotear o facto” de o material da concessionária “obrigar ao uso de pesadíssimos muros de betão armado que aumentam significativamente o peso total do sistema”. Coutinho fala de um volume cerca de 15 por cento superior ao das outras propostas.

O deputado vinca ainda que uma das empresas preteridas “concluiu que a substituição dos cabos da ponte de Sai Van era necessária”. “O GIT está a tentar convencer-nos que uma proposta que nada faz pela segurança e é mais cara é melhor do que uma que propõe substituir todos os cabos e, ainda assim, é mais barata”, reforça.

Em comunicado de imprensa, o GIT refere que a segurança do metro é “uma prioridade” e realça que a ponte “será objecto de ajustes e melhoramentos”. O gabinete diz ainda que a proposta da Mitsubishi “cumpre os requisitos” do processo de concurso, “não sendo necessária a alteração dos cabos de suspensão”. Mais: antes de as candidaturas serem submetidas, sublinha o GIT, “não foram apresentadas pelos concorrentes questões relativamente aos critérios de avaliação”.

“O que o Governo devia fazer era rebater tudo aquilo que afirmo. Nunca ninguém me contactou para falar sobre isto, apesar das afirmações que tenho vindo a fazer”, teima Coutinho. O deputado reafirma que “não há estudos, nem bases científicas, que sustentem a tomada de posição do GIT” – reiterada pelo presidente da Associação dos Engenheiros de Macau – e realça que “consultores” do gabinete apontaram “20 incumprimentos”  na proposta da Mitsubishi. “É um concurso envolto em circunstâncias estranhas e mal explicadas, que ninguém quis investigar”, dispara. A adjudicação, contrapõe o GIT, foi feita “com justiça e isenção”. Coutinho garante não ter “qualquer contacto com nenhuma das empresas concorrentes”.

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