Dados Origem de Informação Hoje Macau
Data :26.8.08
Para Pereira Coutinho a não renovação dos contratos individuais de trabalho de funcionários da Administração Pública assemelha-se a um “despedimento sem justa causa”. Preocupado, o deputado alerta o Governo para as questões humanas, mas também para as obrigações decorrentes das convenções internacionais a que
A não renovação de contratos de trabalhadores com vínculos precários à Administração Pública de Macau levou o deputado Pereira Coutinho a endereçar uma interpelação escrita ao Governo. No documento ontem apresentado, Coutinho solicita explicações sobre aquilo que apelida de despedimentos injustificados, aconselha o Governo a fiscalizar melhor os serviços públicos e exorta o Executivo a produzir melhor legislação sobre contratos individuais de trabalho na Administração Pública.
Na interpelação dirigida ao Governo, Pereira Coutinho alerta para o facto de ultimamente terem aumentado o número de queixas de trabalhadores da Administração Pública de Macau a quem, “por motivos injustificados não são renovados os contratos individuais de trabalho, pondo em risco, de um dia para outro, não só a subsistência do trabalhador despedido
O deputado refere
Segundo Coutinho, desde o estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau muitos serviços públicos contratam trabalhadores mediante contratos individuais de trabalho fixando “a seu belo prazer” e “sem critérios” o montante salarial, a natureza das funções e os direitos e deveres, originando uma “panóplia diversificada de contratos” dos quais nem os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) têm conhecimento. “O mais grave acontece quando a alteração das cláusulas contratuais ocorre de uma forma arbitrária, nomeadamente quando para uns o salário é aumentado anualmente na altura da renovação do contrato, enquanto para os restantes que não têm ‘cunhas’ nem ‘padrinhos’ têm que aguentar os mesmos salários durante muitos anos, sem que alguém ponha cobro a estes abusos”, defende Coutinho do documento dirigido ao Executivo.
Na sua interpelação, o deputado lembra o Governo que segundo a Convenção Internacional nº 158 da Organização Internacional do Trabalho, aplicável por via do artigo 40.º da Lei Básica, é proibido o despedimento sem justa causa de um trabalhador a menos que exista uma causa justificativa relacionada com a sua capacidade, o seu desempenho ou baseada nas necessidades de funcionamento do serviço. “Quando pensa o Governo obrigar os serviços públicos a fundamentar ou justificar os ‘despedimentos camuflados’ com o término abrupto ou a não renovação dos contratos individuais de trabalho principalmente os de longa duração?”, questiona o deputado.
Pereira Coutinho exorta também o Governo a fiscalizar os Serviços Públicos que, segundo ele, “usam e abusam dos seus poderes para aumentar arbitrariamente os salários de uns e prejudicar outros que permanecem com os seus contratos com cláusulas inalteradas durante muitos anos violando grosseiramente o princípio ‘para o mesmo trabalho, o mesmo salário’.
Por fim o deputado questiona: “Quando pensa o Governo regulamentar o contrato individual de trabalho para os trabalhadores da Administração Pública de Macau no sentido de evitar o despedimento sem justa causa?”